Miguel Heleno – ERASMUS in Czech Republic, crucial to my life

A story by: Miguel Heleno

Country of origin: Portugal; Destination country: Czech Republic

 

 

In this testimony, I would start to say that my participation in the Erasmus Program was not only a unique experience, it was crucial to the choices I’ve made in my life.

I arrived to Prague in September 2008. I found a very different city from others in Southern Europe, by its architecture and social dynamics. I returned after 6 months with the clear idea that I would like to live there forever.

First days were occupied with all paper work. Checking a few things about study plan or register some classes are simple tasks that become a headache when we are in a city where we do not speak the local language and the inhabitants have many barriers with English…

Probably the most remarkable thing after the arrival was the first contact with the university residence. The residence of Strahov in Prague, is a former military residence next to the stadium. Each room has capacity for 2 people, each hall has 20 rooms, each block has 6 halls and there were 12 blocks. Here the first shock: to realize that I was going to stay with more than 2,500 people. And Strahov, being a former military residence, is not the most luxurious place in the world. The rooms are small with no bathroom. There are 2 bathrooms in each hall, each one with 3 showers, meaning 6 showers  per 40 people. Welcome to Strahov!

The feeling we have when we come to a place like this, helpless, is to get out of there and back to Portugal on the first flight. And there are people who actually ends up doing this… No doubt, what makes us stay are the first contacts we make. And there is no lack of contact in Strahov, because we are in a residence with 2500 people. There was a small group of Portuguese and Spanish people in my hallway and we quickly created bonds of solidarity that made the first impact with Strahov more bearable. As an example, one day we decided to buy refrigerators for our rooms, in order to save some food: the old warehouse that sold heavy second-hand refrigerators (20 € each) was very far and therefore we had to load refrigerators in the tram, the metro and then finally on the bus. Three times I went to this warehouse refrigerators to help others in Strahov. This was also the spirit of solidarity that I found in those residences, and I can say, these are the best place on earth to live.

After a few days, trips began. The centrality of Prague offers the possibility to travel cheap to various locations in Central Europe. For less than 30 € per person we bought round-trips for groups on the train and I had the chance to visit Budapest, Vienna, Berlin, Krakow and Dresden. With an early departure on Friday and the return on Monday morning in time for the 7:30am lesson, which we attended with quite  difficulties. In a long weekend, we decided to rent two cars (incredibly small for 9 people) and we went to major cities in Czech Republic: Brno, České Budějovice and Český Krumlov.

Moreover, my experience was equal to all other experiences of Erasmus. Parties have become part of my day-to-day life and only in the end of the semester I worried with the final exams. These were indeed times of “craziness”…

I distinctly remember one evening in February, crossing the Charles Bridge under snow for the last time. I remember that I took that moment to do a retrospective of my stay in Prague while enjoyed my last hours in the city. Then the question came to me: why did this 6 months of “craziness” made me grow so much? I think this is the apparent contradiction that makes Erasmus a unique experience.

And the answer is not very complicated. Erasmus made me leave my country, which meant partly to let habits go away and a closed way of thinking and see the world that I had accommodated me after my adolescence. In addition, for a period of six months, freed me from a huge college work (in Erasmus worked far less) and it allowed me to have more time for myself.

Erasmus is this: time to think, to observe, to create, to experience, to know and to ask in different socially, emotionally and geographically contexts, distant from our daily routine. That is the “craziness” we dare to do in Erasmus: think, observe, create, experiment, learn and ask.

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   Travel to Budapest

   Viagem a Budapeste

 

 

 

strahov corredor

 

 

 

Hall in Strahov with bedroom door open

Corredor de Strahov com a porta do quarto aberta

 

strahov vista panorÔmica

 

 

Panoramic view of stadium and residential blocks

Panorâmica estádio e blocos de residências

 

Neste testemunho, começaria por dizer que a minha participação no programa Erasmus foi não só um experiência completamente única como acabou por ser determinante para as escolhas que acabei por vir a fazer na minha vida.

Cheguei a Praga em Setembro de 2008. Encontrei uma cidade diferente das cidades do sul da europa, pela sua arquitectura e pelas suas dinâmicas sociais. Regressei 6 meses depois com a sensação clara de que queria viver ali para sempre.

Os primeiro tempos foram tomados pela urgência de responder à burocracia da chegada. Afinar os últimos detalhes do plano de estudos ou fazer uma inscrição nas cadeiras são o tipo de tarefas aparentemente simples que se tornam numa dor de cabeça quando estamos numa cidade onde não falamos a língua local e os habitantes têm muitos entraves com o inglês…

Provavelmente a coisa mais marcante dos dias após a chegada foi o primeiro contacto com a residência universitária. A residência de Strahov em Praga, é uma antiga residência militar junto ao estádio. Cada quarto tem  capacidade para 2 pessoas, cada corredor tem 20 quartos, cada bloco tem 6 corredores num total de 12 blocos. Eis o primeiro choque: perceber que ia ficar num complexo de residências com mais de 2500 pessoas. Ainda por cima Strahov, uma antiga residência militar, não é propriamente o local mais luxuoso do mundo. Os quartos são pequenos e sem casa de banho. Há 2 casas de banho em cada corredor, cada uma com 3 chuveiros, ou seja, 6 chuveiros para 40 pessoas. Bem-vindos, a Strahov.

A vontade que sentimos quando chegamos desamparados a um sítio destes é de sair de lá a correr e voltar no primeiro voo para Portugal. E há gente que acaba mesmo por fazer isso… Sem dúvida, que o que nos faz ficar são os primeiros contactos que fazemos. E em Strahov isso não falta, ora não estivéssemos nós numa residência com 2500 pessoas. Havia um pequeno grupo de portugueses e espanhóis no meu corredor e acabámos por rapidamente criar laços de solidariedade que nos ajudaram a tornar o primeiro impacto com Strahov mais suportável. Exemplo disso foi quando um dia decidimos comprar frigoríficos para os nossos quartos, de modo a conseguirmos guardar alguma comida connosco: o armazém que vendia frigoríficos velhos e pesados em segunda mão (20€ cada um) ficava afastada do centro e, por isso, tínhamos de carregar os frigoríficos às costas no eléctrico, depois no metro e por fim no autocarro. Por três vezes fui a esse armazém buscar frigoríficos para a gente de Strahov. Foi este também o espírito solidário que encontrei naquelas residências que, diga-se, são o melhor sítio do mundo para viver.

Depois da primeira quinzena começam as viagens. A centralidade de Praga permite-nos viajar de forma e barata para vários locais do centro da Europa. Por menos de 30€  por pessoa comprávamos viagens de ida e volta para grupos no comboio e foi assim que visitei Budapeste, Viena, Berlim, Cracóvia e Dresden. Partir na madrugada de sexta-feira e voltar na madrugada de segunda a tempo da aula das 7:30 da manhã, na qual estava presente com bastante sacrifício.  Num fim-de-semana prolongado, decidimos alugar dois carros (incrivelmente pequenos em que mal cabíamos 9 pessoas) e rumámos às principais cidades da República Checa: Brno, České Budějovice e Český Krumlov.

De resto, a experiência foi igual a todas as outras experiências de Erasmus. As festas passaram a fazer parte do meu dia-a-dia e só lá mesmo para o fim do semestre é que veio o aperto dos exames e entregas de trabalhos. Foram, de facto, tempos de “loucura”…

Lembro-me perfeitamente, num fim de tarde de Fevereiro, de atravessar a ponte Carlos debaixo de neve pela última vez. Lembro-me de querer aproveitar aquele momento para fazer uma retrospectiva da minha estadia em Praga, enquanto gozava as minhas últimas horas na cidade. Foi então que me surgiu a pergunta: porque é que  6 meses de “loucura” me fizeram crescer tanto? Julgo que é essa aparente contradição que torna única a experiência de Erasmus.

E a resposta não é muito complicada. Erasmus fez-me abandonar o país onde vivia por uns tempos, o que significou em parte abandonar também os vícios e as formatações na forma de pensar e ver o mundo a que me tinha acomodado após a adolescência. Para além disso, por um período de 6 meses, libertou-me da carga de trabalho da faculdade (em erasmus trabalhei muitíssimo menos) e isso permitiu que eu tivesse mais tempo para mim.

Erasmus é isso mesmo: tempo para pensar, para observar, para criar, para experimentar, para conhecer e para perguntar num contexto social, emocional e geograficamente distante da visão rotineira a que estamos habituado. É essa a “loucura” que nos atrevemos a fazer em Erasmus: pensar, observar, criar, experimentar, conhecer e perguntar.

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